segunda-feira, 16 de maio de 2011

Crítica Romance










A NOVA PERSPECTIVA DE ARRAES















Romance, sem dúvida, é o filme diferente de Arraes. Sem abandonar o lúdico e deixando o lado cômico de lado, Arraes faz um sútil drama e ainda sobrou espaço para flertar sobre questões polêmicas entre cinema, teatro e televisão. As características TV como roteiros banais; histórias comuns; custos de produção e rentabilidade são apresentadas. Nas novelas há 50 milhões de pessoas esperando o que o mocinho e a mocinha vão fazer; qual final irá ao ar, sendo que o fim de Cinderela é esperado, pois a solução para os problemas precisa ser positiva.

Arraes dialoga TV, teatro e cinema em um só momento. A lógica de produção da TV e o compromisso com a arte do teatro são discutidos no filme, mesmo que sem causar grande impacto. Ana (Letícia Sabatella) e Pedro (Wagner Moura) estão desenvolvendo a montagem teatral de Tristão e Isolda e acabam se apaixonando. A vida real e a lenda shakespeariana se misturam, ao ponto de o casal, no início do filme, parecer chato por repetir as falas dos amantes incansavelmente. O que é compreensível por estarem apaixonados. Ao som de “Nosso estranho amor” de Caetano a história acontece.



Tudo vai muito bem até Ana ser convidada para fazer uma novela. O casal se afasta a medida que ela ganha fama. Eles permanecem três anos afastados. Ana agora já está saturada de se submeter a lógica da indústria da arte e então sugere a gravação de uma minissérie. Pedro será o diretor sendo que Tristão e Isolda agora vão ser retratados no nordeste. Arraes não abandona a estética lúdica da TV. Investe em cortes mais lentos, closes e planos médios. Durante as gravações no nordeste está a novidade dos planos gerais da paisagem árida, dos galopes a cavalo, do casal apaixonado. Até mesmo o uso de músicas que narram exatamente o que está acontecendo é realizado, assim como em “Deus e o Diabo na Terra do Sol”. Uma cena engraçada é o ataque de estrelismo do personagem de Marco Nanini em pleno sertão.

Mais que um Romance em que amor e dor estão unidos, e vistos como necessários a paixão, o filme faz sátira do comportamento da indústria da arte, no caso a televisão. O fato de se construir favelas cenográficas para gravações, incluindo água, luz e saneamento básico e realizar filmagens de vários finais pensando no que a audiência vai gostar é retratado. Pode-se fazer referência a TV Globo ou não, o fato é que algo novo surge nesse filme, embora ainda não seja um dos meus preferidos. Outra coisa é que não consigo encontrar o motivo da personagem de Ana falar tanto palavrão...

Trailer



Direção: Guel Arraes
Ano: 2008
Roteiro: Jorge Furtado,Guel Arraes
Elenco: Wagner Moura (Pedro), Marco Nanini, Tonico Pereira, Vladimir Brichta (Orlando), Bruno Garcia, Letícia Sabatella (Ana), José Wilker, Andréa Beltrão

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