A MOCINHA, O MALANDRO HERÓI CONQUISTADOR E O PISTOLEIRO MATADOR: A MESMA HISTÓRIA SÓ QUE TUDO É DIFERENTE.
“A graça não é saber o que acontece e sim como acontece e quando”. Essa é uma das frases ditas por Lisbela, a mocinha, logo no início do filme. Um longametragem dirigido por Arraes em que é possível enxergar referências ao cinema clássico americano (dos gêneros), de um jeito bem brasileiro, ou no mínimo nordestino. Tudo acontece como se a comédia romântica clichê, os duelos dos westerns, o terror da ficção cientifica e até um pouco das novelas do rádio fossem mostrados em um só filme.
A mocinha Lisbela (Débora Falabela), fã de cinema americano, está prestes a se casar com Douglas (Bruno Garcia), o noivo metido a galã e carioca, mas conhece Leléu (Selton Melo), herói conquistador e malandro, e se apaixona. Ela terá que decidir entre o certo e incerto, além de tentar impedir que Frederico Evandro (Marco Nanin), pistoleiro matador que se parece com Reginaldo Rossi, mande Leléu conversar com São Pedro mais cedo por ter se envolvido com sua esposa Inaura (Virginia Cavendish), a sedutora. Já sabe o final? Nós também, logo no início do filme, mas nem por isso assistimos o longa com desdém ou deixamos a sala por saber o que acontece no fim, afinal “a graça não é saber o que acontece e sim como acontece e quando”.
Veja a cena inicial do filme:
O nordeste nesse filme é retratado de um modo mais pop, a pobreza característica do sertão não aparece, trata-se de uma das super produções da Globo Filmes. Entre os ambientes explorados podem-se destacar as feiras, os bares, o parque de diversões e a sala de cinema, além de um nordeste muito colorido e recheado de sotaques engraçadíssimos. Aliás percebemos que se trata do nordeste pelo sotaque e pelo fato de os personagens dizerem sua localização geográfica.
Personagens simples, um texto irreverente, envolvem o espectador que desponta muitas risadas. Utiliza-se uma estrutura narrativa tradicional exceto pelos sucessivos cortes entre cenas que relacionam o que é real e o que não é. A história de Lisbela e Leléu é relacionada com cenas de filmes americanos vistos pela mocinha. Cortes rápidos e sucessivos intercalam o que é real e o que é ficção como na cena do primeiro encontro entre o casal e a cena em que Frederico, Leléu e o touro se cruzam pela cidade. A linguagem da TV talvez apareça por meio do modo como os personagens e o ambiente são explorados na lente da câmera. Sempre há duas pessoas conversando e essas aparecem em plano médio ou primeiro plano, assim como nas cenas de novelas da TV. Há ausência de planos gerais e muitos closes nos personagens principais. A iniciativa de levar o espectador a se ver no cinema é uma ideia que desperta ainda mais a sensação de identificação com o que se está vendo e vivendo.
Confira mais uma cena:
Confira o trailer:
Lisbela e o Prisioneiro
Brasil , 2003 - 105 min.
Comédia / Romance
Direção: Guel Arraes
Roteiro: Guel Arraes, Jorge Furtado, Pedro Cardoso
Elenco: Selton Mello, Debora Falabella, Marco Nanini, Virginia Cavendish, Bruno Garcia, André Matos, Lívia Falcão, Tadeu Mello, Aramis Trindade, Heloisa Perisse.
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